Proposta dos EUA reduz em 30% exportações brasileiras de aço acabado

Proposta dos EUA reduz em 30% exportações brasileiras de aço acabado

A proposta do governo dos Estados Unidos prevê uma redução de 30% da exportação de aço acabado pelo Brasil. Será utilizado como base, para tal redução, a medida das vendas do país nos últimos três anos, explicou o presidente executivo do Instituto Aço Brasil (IABR), Marco Polo de Mello Lopes.

A entidade queria que a base a ser utilizada fosse a de 2017, visto que em 2015 e 2016 os números foram baixos. Os volumes dentro da cota não receberão a sobretaxação.

Entre os aços acabados estão os longos, planos, tubos e especiais. A queda da exportação aos Estados Unidos, dependendo do produto, deverá ir de 20% a 60%.

Contudo, como os anos de 2015 e 2016 foram abaixo da média, o país deve ter uma queda de 7,4% em relação ao volume. Os semiacabados (placas) representam 80% das exportações de aço aos Estados Unidos.

No ano passado, o Brasil vendeu aos Estados Unidos 4,7 milhões de toneladas de aço, sendo que, desse volume, 3,8 milhões de toneladas eram produtos de semiacabados.

O executivo disse que, ainda de acordo com a proposta, haverá um sistema de monitoramento das exportações e que, dependendo, poderá haver algum tipo de ajuste. “Nossa visão é que faltará aço nos Estados Unidos”, disse.

Lopes disse que o sistema de cotas que será adotado é “dura”, ou seja, depois de atingido o volume acertado, a alfândega dos Estados Unidos barrará a entrada de mais volume, nem mesmo com a aplicação da tarifa de 25%.

O novo sistema já passa a contar a partir de janeiro deste ano, ou seja, os volumes de aço já exportados aos Estados Unidos já serão contabilizados.

O presidente executivo do IABr disse que, apesar da arbitrariedade do governo americano, que colocou a proposta como “pegar ou largar”, “o acordo não foi todo ruim”, tendo em vista que para o semi-acabado não foi colocado um redutor. O Brasil teve que escolher entre a sobretaxa, no caso do aço de 25%, ou o sistema de cotas.

O IABr definirá junto a seus associados como serão distribuídos os volumes de aço a serem exportados aos Estados Unidos.

O setor decidiu aceitar, assim, a proposta, visto que os Estados Unidos recebe um terço das exportações de aço do Brasil e que o País precisa manter a utilização de capacidade da indústria siderúrgica no Brasil, que está baixa, em 68%. “Exportação continua sendo vital”, disse Mello Lopes.

A indústria do alumínio optou em aceitar a sobretaxa de 10%, por entender que essa seria a saída menos prejudicial

Governo. Os ministros da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge, e das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, distribuíram nesta quarta-feira, 2, nota à imprensa para esclarecer os termos das restrições impostas pelos Estados Unidos às importações de aço e alumínio no Brasil.

De acordo com o documento, as autoridades norte-americanas informaram, no último dia 30, que decidiram interromper o processo de negociação que vinha ocorrendo entre os dois países e resolveram aplicar, imediatamente em relação ao Brasil, as sobretaxas que estavam temporariamente suspensas ou, de forma alternativa e sem possibilidade de negociação adicional, cotas restritivas unilaterais.

“Diante da decisão anunciada pelos EUA, os representantes do setor de alumínio indicaram que a alternativa menos prejudicial a seus interesses seria suportar as sobretaxas de 10% inicialmente previstas. Já os representantes do setor do aço indicaram que a imposição de quotas seria menos restritiva em relação à tarifa de 25%”, informa a nota dos dois ministérios.

No nota, os ministros lamentam que o processo negociador com os EUA tenha sido interrompido e reiteram que o País segue aberto a construir soluções razoáveis para ambas as partes. Marcos Jorge e Aloysio Nunes também reafirmam “convicção de que eventuais medidas restritivas não seriam necessárias e não se justificariam sob nenhuma ótica”. Além disso, ressaltam que “quaisquer medidas restritivas que venham a ser adotadas serão de responsabilidade exclusiva do governo dos EUA. Não houve ou haverá participação do governo ou do setor produtivo brasileiros no desenho e implementação de eventuais restrições às exportações brasileiras”.

Fonte: Estadão



WhatsApp chat